Biológicas Educa

Origem e Evolução dos Vertebrados: Como Surgiram os Animais Vertebrados?

Por: Isabela T. M. (Bióloga e Professora de Biologia)

Última atualização em 24/05/2025

Introdução

Imagine um peixinho curioso, nadando entre raízes e folhas submersas há cerca de 370 milhões de anos. Um dia, ele olha para cima e vê um mundo totalmente novo: terra seca, plantas estranhas e um céu imenso. Um lugar cheio de perigos, é verdade, mas também de surpresas e promessas. Foi assim, se rastejando com nadadeiras no solo seco que a vida começou a sair da água e conquistar a terra firme.

Essa é a história dos vertebrados terrestres: uma jornada épica que começou nas águas rasas de antigos pântanos e nos levou aos anfíbios, répteis e mamíferos que conhecemos hoje. Vamos desvendar juntos sobre a origem e evolução dos vertebrados na Terra!

 

Peixes Curiosos e O Começo de Tudo

Tudo começou com um grupo especial de peixes chamado sarcopterígeos, ou peixes de nadadeiras lobadas. Diferente dos peixes que conhecemos hoje (cuja maioria são peixes de nadadeira raiada), eles tinham nadadeiras carnudas, fortes e com ossos parecidos com os dos nossos braços e pernas. Dois representantes desse grupo sobreviveram até hoje: o celacanto e o dipnoico (ou peixe pulmonado), ambos considerados verdadeiros fósseis vivos!

Esses peixes foram os primeiros a dar um passinho fora d’água (literalmente). Em ambientes instáveis, com poças secando e predadores espreitando, alguns indivíduos desenvolveram adaptações que os ajudaram a respirar ar atmosférico e se arrastar sobre o lodo. Assim, a natureza começou a moldar um novo tipo de vertebrado: os tetrápodes (animais com quatro membros).

Figura 1. Representante Dipnoico (Peixes Pulmonados)
Figura 2. Celacanto

Anfíbios: Os Pioneiros da Terra Firme

Com o passar do tempo, essas adaptações e mutações adquiridas permitiram o surgimento dos anfíbios, os primeiros vertebrados realmente capazes de viver em terra firme… Pelo menos, por mais tempo. Isso porque eles eram meio-terrestres, meio-aquáticos; ainda muito dependentes da umidade e voltavam aos lagos e rios para se reproduzir, já que seus ovos ainda não tinham nenhuma adaptação que os permitissem suportar o ambiente seco. 

Os ancestrais dos sapos, rãs, pererecas, salamandras e cecílias foram os verdadeiros desbravadores. Eles enfrentaram um mundo sem trilhas prontas, com solo duro, gravidade e ar seco. Mas cada desafio era uma oportunidade para a evolução testar novas estratégias. E, acredite, ela foi muito criativa nesses testes. 

 

A Revolução do Ovo com Casca

Mas a vida queria mais do que ficar nesse meio termo entre água e terra. Afinal, tínhamos um mundo inteiramente novo para ser explorado com diversas possibilidades e oportunidades para esses novos seres. E foi aí que, por volta de 320 milhões de anos atrás, surgiu uma inovação que mudaria absolutamente tudo na história da vida: o ovo amniótico. Protegido por uma casca resistente, ele permitia que os embriões se desenvolvessem fora da água, com segurança e um “ambiente aquático portátil”. Ao mesmo tempo que o protege, essa casca é geralmente porosa o que possibilita
obter oxigênio, e desfazer-se dos produtos nitrogenados, sem perder a sua proteção contra o ressecamento. 

Essa revolução abriu caminho para dois grandes grupos de vertebrados terrestres: os Sauropsídeos e os Sinapsídeos. Esses grupos são distinguidos entre si por uma série de características. Mas a principal delas é o padrão de fenestras temporais nos crânios desses animais (em outras palvras, o número de buraquinhos na cabeça). 

 

Sauropsídeos: A Galera das Escamas e das Penas

Os sauropsídeos deram origem aos répteis. Dentro desse grupo, surgiram criaturas como os dinossauros, que dominaram a Terra por milhões de anos, e seus únicos sobreviventes modernos: as aves, esses dinossauros de penas que voam por aí até hoje! É isso mesmo que você acabou de ler, aves são dinossauros (os únicos que nos restaram). 

Além deles, os sauropsídeos também incluem outros répteis como os lagartos, cobras, jacarés, crocodilos, tartarugas e tuataras, por exemplo. Eles foram mestres da adaptação: escamas impermeáveis, ovos resistentes, respiração eficiente e até voo! 

 

Sinapsídeos: A Galera dos Pelos

Do outro lado, temos os sinapsídeos, um grupo que parece menos chamativo, mas que traz uma surpresa: eles são os nossos ancestrais diretos. No começo, todos pareciam répteis, mas tinham crânios com uma abertura especial atrás dos olhos (a tal “janela temporal”) que dava mais espaço para músculos da mandíbula.

Com o tempo, esses sinapsídeos evoluíram para criaturas com sangue quente, pelos, glândulas mamárias e cérebros maiores. Já sabem de quem eu estou falando, né? Pois é, os mamíferos. Hoje, eles estão por toda parte do Planeta ocupando diferentes habitat e nichos ecológicos na Terra. 

 

A transição da água para a terra não foi um evento único ou rápido; mas sim uma longa caminhada feita de tentativas e erros, mutações e adaptações, perdas e conquistas. E essa jornada continua, com os vertebrados ocupando cada cantinho do planeta: do fundo dos oceanos às alturas geladas do Himalaia, das florestas tropicais ao concreto das cidades. Qual a próxima grande virada? Ninguém sabe. Mas se tem algo que a evolução nos ensina é que a vida nunca para. E quem sabe, daqui a alguns milhões de anos, nossos descendentes estejam contando essa história em outro planeta? Vai que, né?!

 

Referências Bibliográficas

ITO, ANGELA CRISTINA. Zoologia de Vertebrados. Editora e Distribuidora Educacional S.A. Londrina, 2018.

UZUNIAN, A.; BIRNER, E. Biologia: volume único. 3a ed. São Paulo: Harbra, 2008.