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Filo Mollusca: Moluscos - Características, Estruturas e Reprodução

Por: Isabela T. M. (Bióloga e Professora de Biologia)

Última atualização em 24/04/2025

Introdução

O Reino Animal é tão vasto, tão cheio de surpresas, e entre seus muitos habitantes, há um grupo que parece ter saído direto de um conto submarino ou de uma aventura nos cantinhos úmidos da Terra: o filo Mollusca. Com esse nome engraçado mas presença discreta, os moluscos estão por toda parte, seja enroscados em conchas à beira-mar, deslizando em jardins após a chuva ou escondidos nas profundezas do oceano. Mas, afinal, quem são esses seres de corpo mole?

 

Quem são os Moluscos?

Imagine um grupo tão variado que reúne criaturas como lulas velozes, ostras sedentárias e caracóis que fazem questão de levar a sua casa para onde quer que vão. Pois é, o filo Mollusca é assim: uma festa da biodiversidade! Com mais de 100 mil espécies, esses animais dominam ambientes aquáticos e terrestres. Esse filo é tão diversificado que só perde para o filo dos Artrópodes (porque aí é difícil superar mesmo), ocupando o segundo lugar de maior filo no Reino Animal.  

Os protagonistas do Filo Mollusca são divididos em 5 principais classes: 

  • Gastrópodes (caracóis, lesmas e nudibrânquios)

  • Bivalves (ostras, mexilhões e mariscos)

  • Cefalópodes (polvos, lulas e chocos)

  • E outras menos conhecidas, como os Poliplacóforos (quítons) e Escafópodes (presas-de-elefante).

Figura 1. Exemplo de Gastrópode: Caracol
Figura 2. Exemplo de Cefalópode: Polvo
Figura 3. Exemplo de Bivalve: Ostras

Anatomia dos Moluscos: Um Corpo Molenga, mas Cheio de Truques

Apesar da diversidade, os moluscos seguem um “modelo básico” de fábrica. Eles têm um corpo mole e sem ossos (daí o nome “molusco”, que vem do latim mollis, ou “macio”), mas muitos desenvolveram conchas duras para proteção. Aliás, esses animais têm uma participação interessante no ciclo do carbono, pois as suas conchas são formadas principalmente de carbonato de cálcio. Quando esses bichinhos morrem ou trocam suas conchas, elas se acumulam lá no fundo do mar, onde eventualmente formam rochas calcárias (um dos maiores reservatórios de carbono do nosso Planeta). E, sim, é por esse motivo que você não deve pegar conchinhas nas praias, ainda que em pouca quantidade (pois é, eu também fiquei muito triste depois que soube disso…). Cada uma delas significa muito para o equilíbrio do ecossistema e para o ciclo do carbono. 

Voltando à sua anatomia, essa galera de corpo mole normalmente tem o seu corpo dividido em três partes básicas: cabeça, e massa visceral. É claro que, dependendo do molusco, essa estrutura muda um pouco. O polvo, por exemplo, é o rebelde da família: ele tem cabeça, massa visceral, mas o seu “pé” virou uma engenhoca de oito braços espertos. Já outros bichinhos como os caracóis e as lesmas deslizam usando o “pé” como uma espécie de ventosa motorizada.

Esses animais também apresentam estruturas como o manto (uma dobra de tecido que secreta a concha e forma a cavidade onde ficam as brânquias) e a rádula (uma língua com dentinhos afiados que raspa alimentos – ela não está presente nos moluscos bivalves). Outra estrutura importante é o bico (chamado de rostro, também) presente nos cefalópodes: uma estrutura de duas partes constituída principalmente por quitina (o mesmo material presente no exoesqueleto dos artrópodes). 

Fisiologia dos Moluscos: Uma Visão Geral

Internamente, os moluscos são uma aula viva de eficiência. Eles contam com um sistema digestório completo, boca com rádula e ânus. A excreção destes animais é feita por meio de rins simples, compostos por estruturas que chamamos de metanefrídios. O sistema circulatório pode ser aberto ou fechado, dependendo da espécie. Nos mais ágeis, como as lulas, o sangue corre por vasos bem delimitados, garantindo um fornecimento rápido de oxigênio e nutrientes, como uma verdadeira rodovia interna de alta velocidade.

A respiração varia também: há quem use brânquias (os aquáticos), outros recorrem a uma espécie de “pulmão” adaptado (como alguns caracóis terrestres). Já o sistema nervoso é caracterizado, normalmente, por um sistema ganglionar, onde temos gânglios nervosos que se distribuem por todo o corpo do animal e são conectados por cordões nervosos. 

Mas é válido ressalvar que cada classe de molusco terá as suas particularidades anatômicas e fisiológicas. Por isso, preparamos artigos específicos sobre as três classes mais estudadas de moluscos, com suas particularidades e curiosidades especiais. Se você tem interesse em se aprofundar um pouco mais sobre esses animais, basta clicar em nossos títulos:

 

A Reprodução dos Moluscos

Quando o assunto é fazer um love, a maioria aqui gosta de ter companhia. Isso significa dizer que a maioria dos moluscos se reproduz de forma sexuada, mas há hermafroditas também, como algumas lesmas, que carregam em si o feminino e o masculino. A fecundação pode ser externa ou interna, e algumas espécies liberam larvas na água, enquanto outras cuidam dos ovos com carinho quase maternal.

É fascinante perceber como esses animais de aparência simples carregam uma complexidade impressionante por dentro. Estão presentes em praticamente todos os ambientes — do fundo dos oceanos às montanhas, de águas doces a ambientes áridos — e desempenham papéis ecológicos cruciais: servem de alimento, reciclam matéria orgânica, constroem recifes e até influenciam na economia, como é o caso das ostras e mexilhões na culinária e na produção de pérolas. Então, da próxima vez que encontrar um caracol atravessando calmamente seu caminho ou se deparar com uma lula curiosa num documentário, lembre-se: por trás daquela carapaça ou daqueles tentáculos, existe toda uma história evolutiva riquíssima e um mundo interno que mistura sensibilidade, estratégia e beleza. 

Referências Bibliográficas

UZUNIAN, A.; BIRNER, E. Biologia: volume único. 3a ed. São Paulo: Harbra, 2008.

AMABIS, J. M. & MARTHO, G. R. Fundamentos da Biologia Moderna. Volume único. Editora Moderna, 4° edição. São Paulo, 2006.