A Química da Célula: Glicídios - O Que São, Características, Funções e Importância

Por: Isabela T. M. (Bióloga e Professora de Biologia)
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Introdução
Se a gente parar para imaginar o corpo humano como uma cidade em constante movimento, a gente teria cada célula como uma residência, com suas próprias necessidades. Aqui, os glicídios (também chamados de carboidratos), seriam como a eletricidade e os tijolos que mantêm essa cidade acesa e de pé. Isso porque eles fornecem energia rápida, estruturam partes importantes do organismo e até participam da sinalização entre células. Ou seja: sem os carboidratos, a nossa vida não dá certo. Mas vamos ver melhor o que são os carboidratos e as suas funções no nosso corpo.
O Que São Glicídios (Carboidratos)?
Os glicídios são moléculas formadas, principalmente, por três elementos básicos: carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O) e às vezes pode conter outros elementos como o N, por exemplo. Em termos simples, são compostos orgânicos, majoritariamente encontrado em vegetais (ou seja, recebemos mais quantidades de carboidratos quando comemos alimentos de origem vegetal).
Essas moléculas são essenciais para manter as células vivas, funcionando e bem nutridas, tendo como características principais:
Solubilidade: os carboidratos simples, como a glicose, são solúveis em água. Já os mais complexos, como o amido e a celulose, não se dissolvem com tanta facilidade assim;
Sabor adocicado: principalmente os monossacarídeos e dissacarídeos, como a frutose e a sacarose (o açúcar comum), têm aquele gostinho doce que quase todo mundo ama!
Energia instantânea: eles são a fonte primária de energia para os seres vivos. Basta uma mordida num alimento rico em carboidrato para o corpo já começar a transformar aquilo em combustível;
Função estrutural: alguns glicídios formam estruturas rígidas, como as paredes celulares das plantas (feitas de celulose) ou os exoesqueletos de insetos (feitos de quitina).
Tipos de Glicídios: Dos Mais Simples aos Mais Complexos
Os glicídios são divididos em três grandes grupos, de acordo com sua complexidade e tamanho da molécula:
1. Monossacarídeos:
São os açúcares mais simples, formados por uma única molécula. São solúveis em água e têm sabor doce. Entre os mais conhecidos, estão:
Glicose: o queridinho das células, é a principal fonte de energia para o corpo humano.
Frutose: encontrada nas frutas, tem sabor ainda mais doce que a glicose.
Galactose: presente no leite, junto com a glicose.
Esses monossacarídeos podem se unir entre si e formar estruturas maiores – tipo como peças de um “LEGO” biológico.
2. Oligossacarídeos
Quando dois ou poucos monossacarídeos se unem, formam os oligossacarídeos. Os mais conhecidos são os dissacarídeos, como:
Sacarose (glicose + frutose): o açúcar de mesa – aquele que usamos no cafézinho.
Lactose (glicose + galactose): o açúcar do leite.
Maltose (glicose + glicose): presente em cereais e produtos fermentados.
Essas moléculas ainda têm sabor doce e podem ser quebradas facilmente no processo de digestão.
3. Polissacarídeos
Agora entramos no mundo dos carboidratos complexos. Os polissacarídeos são formados por muitas unidades de monossacarídeos, às vezes centenas ou até milhares! Aqui vai alguns exemplos importantes:
Amido: é a reserva de energia das plantas. Está no arroz, batata, milho e outros vegetais ricos em energia.
Glicogênio: é a reserva energética dos animais. Fica estocado no fígado e nos músculos, pronto para ser usado quando o corpo precisa.
Celulose: é o componente estrutural das plantas. Apesar de não ser digerida por humanos, é fundamental para o bom funcionamento do intestino por atuar como fibra alimentar.
Quitina: está presente no exoesqueleto de artrópodes, como insetos e crustáceos; é ela que dá firmeza e proteção a esses animais.
Então, para resumir o que vimos; a importância dos carboidratos para o corpo é:
Energia imediata: a glicose é o principal combustível das células. Quando precisamos de energia rápida é ela quem entra em cena.
Armazenamento de energia: o excesso de glicose vira glicogênio, que fica guardadinho no nosso fígado e nos músculos para futuras emergências.
Estrutura: em vegetais, a celulose dá rigidez às paredes celulares. Em animais, a quitina protege o corpo de muitos invertebrados.
Reconhecimento celular: alguns glicídios se ligam a proteínas e lipídios na membrana celular, funcionando como etiquetas de identificação entre células.
Cuidado Com o Excesso, Mas Também Com a Falta!
Assim como tudo na vida, o equilíbrio é a chave para o sucesso e para uma boa saúde. Consumir muitos carboidratos (principalmente os simples, como açúcares refinados – que é o que a maioria de nós adoramos consumir) pode levar ao acúmulo de gordura, diabetes e outros problemas de saúde. Isso porque o nosso cérebro, apesar de termos evoluído o tanto que evoluímos, ele ainda pensa que vivemos em uma selva e que a qualquer hora vamos precisar fugir de algum predador, ou lutar de alguma forma por recursos e sobrevivência. Isso quer dizer que, quando consumimos carboidratos em excesso, nosso corpo não descarta o excesso. Pelo contrário, ele literalmente fala “não, isso aqui é precioso demais pra jogar fora; então vou transformar em gordura, porque gordura eu consigo guardar para usar futuramente“. E assim, aquele excesso que você comeu vira gordura e esse processo é regulado por um hormônio que eu tenho certeza de que você já ouviu falar: a insulina.
E, como a gente viu em “A Química da Célula: Lipídios – O Que São, Quais os Tipos e Importância“, a gente sabe que estocar muita gordura no nosso corpo não é tão bacana assim, ainda mais se considerarmos o estilo de vida moderno que temos hoje (pois, hoje em dia, a gente não fica muitas horas e nem dias em jejum porque não conseguiu alimento ou caça como ficavam nossos ancestrais). Por isso, consumir quantidades elevadas de carboidratos (especialmente carboidratos simples e refinados – como açúcar branco, refrigerantes, bolos, massas brancas etc) de forma crônica, pode levar a diversas doenças metabólicas e cardiovasculares. A exemplo nós podemos citar: Obesidade, resistência à insulina e diabetes, esteatose hepática (que é gordura em excesso no fígado) e várias outras doenças nada legais de se ter.
Agora, muita atenção: restringir demais os carboidratos pode deixar o corpo sem energia, provocar fraqueza, tonturas e até prejudicar o funcionamento cerebral. Sim! Nosso corpo, o cérebro é um dos maiores consumidores de glicose. Se faltar, dá ruim.
O que podemos concluir do nosso estudo de hoje é que o corpo humano é como uma máquina fina e sensível: precisa da energia dos glicídios para funcionar bem, mas em excesso, essa energia vira bagagem extra, sobrecarrega o sistema e abre as portas para várias doenças. A chave é o equilíbrio: dar ao corpo o que ele precisa (nem mais, nem menos). Escolher carboidratos de boa qualidade como carboidratos complexos que estão presentes em grãos integrais, legumes, vegetais e frutas; e têm uma absorção mais lenta, fornecendo energia de forma gradual e ajudando a controlar os níveis de açúcar no sangue. Evitar alimentos ultraprocessados e manter uma vida ativa, com exercícios físicos regulares são medidas muito poderosas para prevenir doenças e manter a saúde top!
Referências Bibliográficas
DOMINONI, LUIGI MARQUESI et al. Relação entre o excesso de carboidratos e esteatoses hepática: uma revisão bibliográfica. Revista Higei@-Revista Científica de Saúde, v. 3, n. 6, 2021.
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