Angiospermas - Características, Reprodução e Ciclo de Vida

Por: Isabela T. M. (Bióloga e Professora de Biologia)
Última atualização em 21/05/2025
Introdução
Imagine um mundo sem flores, frutas ou perfumes vegetais. Um mundo sem maçã, sem girassol, sem cheiro de jasmim no ar ou a doçura de um morango recém-colhido. Difícil, né? Pois é exatamente isso que as angiospermas trouxeram ao planeta: cor, sabor, beleza e inovação. Elas são as estrelas do show botânico, as plantas mais evoluídas e numerosas da Terra. Mas como surgiram? Como vivem? E por que são tão importantes? Vem comigo que eu te explico tim-tim por tim-tim!
A Origem das Angiospermas
As angiospermas são relativamente jovens na escala do tempo geológico. Surgiram por volta de 140 milhões de anos atrás, durante o período Cretáceo, em um mundo ainda dominado por dinossauros não avianos e gimnospermas. E quando elas apareceram… Ah! Foi um verdadeiro plot twist na evolução das plantas e de tantas outras espécies de animais.
Isso porque essas plantinhas trouxeram uma inovação revolucionária: flores. Sim, aquelas estruturas encantadoras que hoje enfeitam jardins e campos foram, na verdade, uma estratégia de sobrevivência e reprodução altamente eficaz. E deu tão certo que hoje existem mais de 300 mil espécies de angiospermas, dominando praticamente todos os ambientes terrestres e aquáticos do planeta.
Mas Afinal, O Que São Angiospermas?
O nome “angiosperma” vem do grego e significa “sementes protegidas”. Ao contrário das gimnospermas, que possuem sementes expostas, as angiospermas guardam suas sementes dentro de frutos, como se fossem pequenos “cofrinhos” biológicos.
Elas são plantas vasculares (ou seja, com tecidos condutores – Xilema e Floema) com flores e frutos, e podem ser herbáceas, arbustivas ou arbóreas. Estão por toda parte: no arroz que comemos, no café que bebemos, nas flores que damos ou recebemos de presente e até no algodão das nossas roupas.
A Anatomia das Angiospermas
As angiospermas são verdadeiros exemplos de engenharia biológica, com um corpo altamente organizado para absorver, crescer, florescer e se reproduzir. Vamos conhecer cada parte dessas plantas:
1. Raízes
As raízes podem ser pivotantes (com uma raiz principal profunda) ou fasciculadas (com várias raízes finas). Elas sustentam a planta, absorvem água e nutrientes e muitas vezes servem de reserva de energia (como na cenoura).
2. Caule
O caule pode ser aéreo, subterrâneo ou até aquático, dependendo da espécie. Ele conduz seiva bruta e elaborada, além de sustentar folhas, flores e frutos.
3. Folhas
São as verdadeiras fábricas de energia, onde ocorre a fotossíntese. Com formatos variados, as folhas possuem estômatos que regulam a entrada de gás carbônico e a saída de vapor d’água.
4. Flores
As flores são os órgãos reprodutivos das angiospermas. Geralmente coloridas e perfumadas, elas atraem polinizadores e contêm algumas estruturas essenciais:
Pétalas (que têm uma função atrativa)
Sépala (que protege o botão floral)
Estames ( são a parte masculina: produzem pólen)
Carpelo ou pistilo (são a parte feminina: onde contém o ovário da planta)
5. Frutos
Após a fecundação, o ovário da flor se transforma em fruto, protegendo a semente e ajudando em sua dispersão. Frutas carnosas, secas, comestíveis ou não, todas têm um papel importantíssimo na reprodução da planta.



Reprodução das Angiospermas: Uma Linda Parceria!
A reprodução das angiospermas é sexuada e envolve a formação de gametas masculinos (no pólen) e femininos (no óvulo). Mas o que torna esse processo especial é o envolvimento de agentes externos: os famosos polinizadores.
A Polinização
A polinização é o transporte do pólen das anteras (parte masculina) até o estigma (parte feminina) da flor. Isso pode acontecer por:
Insetos ( como, abelhas, borboletas, mariposas e alguns besouros)
Aves (como os belíssimos beija-flores)
Morcegos
Vento
Água
Aqui, a natureza criou verdadeiras alianças entre plantas e animais, onde todos saem ganhando: as plantas se reproduzem e os animais se alimentam. É uma troca justa e linda que sustenta ecossistemas inteiros!
Fecundação e Formação da Semente
Depois que o grão de pólen atinge o estigma, ele forma um tubo polínico que leva os gametas masculinos até o óvulo. Ocorre então a dupla fecundação, uma característica exclusiva das angiospermas! Um núcleo espermático fecunda o óvulo (formando o embrião), e o outro se junta a dois núcleos polares (formando o endosperma, que nutrirá o embrião).
O Ciclo de Vida das Angiospermas
O ciclo de vida das angiospermas é haplodiplobionte, com domínio da fase esporofítica (a planta adulta que vemos). Vamos resumir em alguns passos o ciclo:
Planta adulta produz flores com estruturas reprodutivas;
Polinização leva o pólen ao estigma;
Ocorre a dupla fecundação;
Forma-se a semente dentro do fruto;
A semente germina, gerando uma nova planta;
É um ciclo de renovação constante, como um refrão eterno da vida vegetal.

Mas… O Que Acontece se as Abelhas Sumirem?
Quando a gente fala em “polinização”, a maioria das pessoas já pensam nas abelhas e outras, como eu, lembram até daquele filme “Bee Movie”. E não é para menos, por mais que outros animais, como vimos, possam realizar a polinização, as abelhas se tornaram as estrelas principais, especialmente devido ao produto maravilhoso que elas geram: o Mel. Mas, o que aconteceria se as abelhas simplesmente sumissem da Terra (em outras palavras, se extinguissem)?
Bem, as abelhas polinizam cerca de 75% das culturas agrícolas globais. Ou seja, a cada 3 alimentos que você come, 1 depende diretamente das abelhas. Acho que, por aí, a gente já consegue entender o quão problemático isso poderia ser, né?
Ademais, além de perdermos diversidade de alimentos (inclusive o seu cafézinho da tarde), os que sobrassem se tornariam menos nutritivos. Igualmente, teríamos drásticas consequências para a biodiversidade do Planeta, afinal se as plantas diminuem (ou simplesmente somem), os animais que se alimentam delas também vão diminuir (e sumir); e os animais que se alimentam desses animais também vão deixar de existir. Isso sem mencionar o impacto direto a nós social e economicamente falando. Estima-se que o valor econômico da polinização natural supere US$ 500 bilhões por ano no mundo (é grana pra caramba!). Além disso, a redução drástica e significativa dos alimentos aumentaria a fome no mundo; centenas de milhares de pessoas passariam por necessidade e pobreza (uma vez que a redução de comida aumentaria o preço da que ainda sobrou), podendo acarretar em milhares mortes ao redor do mundo pela fome e pobreza.
No final, o Planeta inteiro poderia entrar em um colapso social, econômico e ecossistêmico; tudo isso devido ao sumiço de um insetinho de menos de 5cm.
Ah, Mas pera lá! Tem muita abelha no mundo, isso tá longe de acontecer, não é?
Não, pior que não. Estudos recentes demonstram uma queda drástica nas populações de muitas espécies de abelhas ao redor do mundo. E si, hoje esses animais estão em risco de extinção… “Mas por quê?” você deve estar se perguntando. Posso falar que o desmatamento é uma das grandes causas para isso acontecer, assim como as mudanças climáticas, poluição e monoculturas agrícolas extensivas; mas neste caso ainda temos o agravante dos variados produtos químicos (agrotóxicos e neonicotinóides) que são aplicados nas produções agrícolas e que contaminam esses animais. Assim, as populações desses bichinhos vão sumindo e sumindo… É o que os cientistas chamam de Colapso das Colônias (CCD) — quando colmeias inteiras somem do nada, sem deixar vestígios.
O Que Podemos Fazer Pelas Nossas Amigas Abelhas?
Existem algumas atitudes que podem parecer simples (e muitas vezes até batidas), mas que são capazes de fazer uma ENORME diferença, tais como:
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Plantar flores nativas e amigas das abelhas;
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Criar hortas urbanas e jardins orgânicos (sem veneno);
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Evitar o uso de pesticidas tóxicos;
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Apoiar a agricultura orgânica e sustentável;
- Investir em ciência para desenvolvermos alternativas aos agrotóxicos que sejam mais sustentáveis e amigáveis às abelhas;
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Consumir mel de apicultores responsáveis;
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Cobrar políticas públicas de proteção aos polinizadores;
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Educar, divulgar, compartilhar conhecimento.
Como eu disse, são atitudes que parecem bobas, ou já muito comentadas, batidas. Mas são, sem dúvidas, a nossa grande esperança. Afinal, salvar as abelhas é salvar ao Planeta (incluindo nós mesmos).
O que podemos concluir disso tudo é que as angiospermas não são apenas plantas. São símbolos de vida, renovação, beleza e resistência. E, graças à ela, temos o privilégio de presenciar uma das parcerias mais bonitas da natureza: a Polinização. E aos nossos polinizadores devemos o nosso mais sincero agradecimento e o nosso mais cuidadoso zelo.
Referências Bibliográficas
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