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Pteridófitas - Características, Reprodução e Ciclo de Vida

Por: Isabela T. M. (Bióloga e Professora de Biologia) – Última atualização em 14/05/2025

Introdução

Imagine um mundo sem flores, sem frutos, sem grandes árvores… Há milhões de anos, as pteridófitas reinavam praticamente absolutas na Terra. Essas plantas vasculares, que incluem as famosas samambaias, avencas e licófitas, são verdadeiras sobreviventes; já estavam aqui antes dos dinossauros e continuam firmes e fortes até hoje (principalmente nas varandas e nos quintais das nossas avós, tias e mães). Mas o que será que garantiu tamanho sucesso nessas plantinhas? 

 

Características e Organização Corporal das Pteridófitas

Pteridófitas são plantas vasculares (ou seja, elas têm tecidos condutores de seiva – xilema e floema – para transportar nutrientes) e são consideradas como o segundo maior grupo de plantas vasculares (perdendo só para as angiospermas).

Ao contrário das angiospermas e gimnospermas, as pteridófitas não produzem sementes nem flores. Em vez disso, elas se reproduzem por esporos, assim como seus primos distantes, os musgos (que nós conhecemos em “Briófitas: Características, Reprodução e Ciclo de Vida“). Atualmente as plantas pteridófitas estão agrupadas em dois filos: Filo Lycopodiophyta e  Filo Monilophyta (Êta, nomezinhos!). Basicamente, o que diferencia esses dois filos é o tamanho da folha:

  • Lycopodiophyta caracterizado por microfilos (folhas pequenas e com uma única nervura não ramificada – Aqui temos os licopódios, selaginelas e isoetes como representantes);
  • Monilophyta caracterizado por megáfilos (folhas maiores e também mais complexas, com várias nervuras ramificadas que formam desenhos de “teias” – Aqui temos as samambaias e cavalinhas, por exemplo).

 

Outra característica das pteridófitas é que elas adoram ambientes úmidos e sombreados. Porém algumas, como as cavalinhas, são tão resistentes que até invadem terrenos baldios. 

Figura 1. Folha de Samambaia com Esporos

Essas plantas são organizadas de forma mais complexa do que aparentam. Seus “corpinhos verdes” são compostos por três partes principais:

  • Raiz: Encravada no solo, firme como âncora de navio, a raiz das pteridófitas serve tanto para absorver água e sais minerais quanto para fixar a planta. Ela é formada por tecidos condutores (xilema e floema), garantindo o transporte interno da seiva.

  • Caule: Em muitas espécies, o caule é subterrâneo (rizoma), como nas samambaias. Ele cresce horizontalmente debaixo da terra, lançando folhas para cima e raízes para baixo. Outros tipos, como as cavalinhas, têm caules aéreos segmentados, parecendo hastes articuladas.

  • Folhas (Frondes): Aqui está o grande espetáculo visual das pteridófitas. As folhas podem ser enormes, com recortes delicados como rendas naturais. Além de fazerem fotossíntese, elas também participam da reprodução, carregando estruturas chamadas esporângios na parte inferior (pequenos pontos escuros que, à primeira vista, parecem sujeirinhas, mas são verdadeiras fábricas de esporos).

 

Reprodução e Ciclo de Vida das Pteridófitas

Esqueça abelhas, flores ou frutos: as pteridófitas seguem à risca a velha escola da reprodução vegetal. Elas se reproduzem por esporos, que são como sementinhas microscópicas, mas sem embrião ou reserva de alimento.

Porém, existem algumas espécies que se reproduzem de forma assexuada, por meio do brotamento. Mas o que é realmente interessante é a sua forma de reprodução sexuada, onde (envolvendo o ciclo de vida da planta), nós temos duas fases de vida completamente diferentes. Vamos explicar isso melhor:

  1. Esporófito (fase dominante): É a planta que vemos, cheia de folhas e verde, com raiz e caule também. Aqui, ela produz esporos por meio de estruturas chamadas esporângios, localizadas geralmente sob a superfície de folhas férteis (chamadas de esporofilos

  2. Gametófito (fase temporária): Quando os esporos caem no solo e encontram um lugar úmido e protegido, eles germinam e dão origem ao prótalo, uma estrutura minúscula, em forma de coração, com apenas alguns milímetros de tamanho. Esse gametófito produz os gametas femininos (arquegônios) e masculinos (anterídios) em espécies isosporadas (esporos de um único tipo). Quando os anterídios estão maduros, eles liberam os anterozoides (espermatozoides), que vão nadando até chegar nos arquegônios (sim, elas precisam de água para se reproduzirem. Lá, um anterozoide vai fecundar a oosfera e gerar um zigoto que dará origem ao embrião. O embrião desenvolve as características básicas da organização corporal da planta e, quando as primeiras folhas aparecem e a sua raiz entra em contato com o solo (ou substrato), o jovem esporófito já se torna independente do gametófito quanto à nutrição. Assim, quando as reservas de nutrientes do gametófito se esgotam, ele se degenera. O esporófito continua a se desenvolver e, ao chegar à maturidade, ele desenvolve folhas férteis, completando o ciclo reprodutivo.

 

Figura 2. Esquema Ilustrado do Ciclo e Reprodução de uma Pteridófita Isosporada (Samambaia)

Algumas Curiosidades Sobre as Pteridófitas 

Como já mencionado, as pteridófitas são plantas extremamente antigas e foram as primeiras plantas vasculares a surgirem na Terra. Mas não só isso, durante o Período do Carbonífero aqui no Planeta, as nossas simpáticas samambaias já existiam e, acredite, elas eram enormes (como quase tudo no carbonífero era – aliás, se você quiser saber mais sobre o carbonífero e outros períodos da Terra, veja nosso artigo “As Eras Geológicas da Terra – Quais São, Duração e Características“)! Para além, algumas espécies de pteridófitas são utilizadas em muitos chás com propósitos medicinas, como é o caso da cavalinha, por exemplo. 

As pteridófitas são como guardiãs verdes de um tempo muito antigo. Elas não têm o brilho das flores e nem o doce das frutas, mas possuem uma elegância ancestral e uma importância ecológica que não se pode ignorar. Então, da próxima vez que cruzar com uma samambaia pendurada ou uma avenca brotando no jardim, lembre-se: você está diante de um milagre da persistência evolutiva, uma planta que venceu o tempo  e ainda está aqui conosco. 

 

Referências Bibliográficas

MUCHINSKI, P. C; KRUPEK, R. A. Espécies de Lycophyta e Monilophyta no Parque Nossa Senhora Imaculada Conceição, São João do Triunfo, Paraná. Ambiência Guarapuava (PR) v.15 n.2 p. 356 – 365 Maio/Ago, 2019.

AMABIS, J. M. & MARTHO, G. R. Fundamentos da Biologia Moderna. Volume único. Editora Moderna, 4° edição. São Paulo, 2006.