Ecossistemas, Níveis Tróficos, Cadeias e Teias Alimentares: O que são?

Por: Isabela T. M. (Bióloga e Professora de Biologia) – Última atualização em 07/04/2025
Ecossistema: A Grande Teia da Vida Onde Tudo Está Conectado
Imagine um balé perfeito onde cada ser vivo tem o seu papel, desde o menor micróbio no solo até a majestosa árvore que quase toca o céu. Esse espetáculo da natureza é o que chamamos de ecossistema. Um ecossistema é, em linhas gerais, um conjunto de comunidades que interagem entre si e com o meio. Seja uma floresta tropical pulsante de vida ou um simples vaso de plantas na sua varanda, se há vida interagindo com o meio físico, então ali temos um ecossistema funcionando. O ecossistema é, portanto, uma rede complexa de relações onde cada fio é essencial para manter o equilíbrio.
Níveis Tróficos: O famoso “Quem come Quem” da Natureza
Dentro de um ecossistema, cada ser tem um papel. Uns produzem, outros consomem, alguns reciclam. É como uma grande rede onde todo mundo depende de todo mundo. Quando uma parte desequilibra, todo o resto sente.
É aqui que temos os níveis tróficos, que são como degraus de uma escada alimentar. Eles ajudam a entender quem come quem, quem produz o próprio alimento e quem precisa de outro ser vivo pra sobreviver. É um jeito de organizar os papéis dos seres vivos na hora da alimentação dentro de um ecossitema.
Tudo começa com o sol, que irradia energia de brinde pro planeta inteiro. Mas nem todo mundo consegue usar essa energia direto da fonte. Quem faz essa mágica são os produtores e por isso eles são a base da nossa escada. Os produtores, que são geralmente plantas e algas, são os seres que fazem o seu próprio alimento por meio da fotossíntese — transformam luz solar em alimento, como se fossem cozinheiros de energia, criando do zero aquilo que os outros vão comer. Sem eles, ninguém sobe um degrau sequer dessa escada alimentar.


Logo acima vêm os consumidores primários, geralmente herbívoros, animais que se alimentam dos produtores. Basta lembrar de uma vaca pastando ou num coelho comendo folhas. Eles se alimentam direto da fonte verde, por isso são tidos como “primários” e levam essa energia pro próximo nível. Mas, veja: nem toda a energia que o herbívoro consome da planta vai ser aproveitada. Uma parte vai embora na forma de calor, outra se perde nos processos vitais como respiração, digestão e até nas fezes. Só uma pequena fração é realmente passada adiante.
Esse processo denominado de fluxo de energia é unidirecional, ou seja, só vai pra frente, do produtor até o topo da cadeia. Não volta e não se recicla. Energia é diferente de matéria, ela se dissipa, se perde em forma de calor, e é por isso que quanto mais alto o nível trófico, menos energia sobra.



Depois temos os consumidores secundários, que são os carnívoros que comem os herbívoros. Depois, podemos ainda ter os consumidores terciários, que comem os secundários, como uma onça que devora um jacaré, por exemplo.


No fim da escada estão os decompositores, que não entram exatamente como um degrau, mas são indispensáveis. São fungos e bactérias que decompõe o que morreu e devolvem os nutrientes para o solo. Eles são os faxineiros da natureza, mas também os recicladores: fecham o ciclo da vida pra que tudo possa recomeçar.
Agora, quando a gente quer entender como essa relação de “quem come quem” se organiza, existem dois jeitos bem conhecidos: a cadeia alimentar e a teia alimentar.
Cadeia Alimentar e Teia Alimentar: Qual a diferença?
A cadeia alimentar é linear e direta, em que cada ser vivo ocupa um nível trófico e se alimenta de outro numa sequência bem clara. Por exemplo:
Planta → Gafanhoto → Sapo → Cobra → Gavião → Fungo.
Pronto, temos uma cadeia. Simples, não é mesmo? Mas a verdade é que a vida raramente é tão simples assim.
Na prática, os seres vivos comem mais de uma coisa, têm mais de um predador, e é aí que entra a ideia da teia alimentar. Ela mostra as várias cadeias interligadas, como se fosse uma colcha de retalhos que revela a complexidade das relações ecológicas. Numa teia, um animal pode ser consumidor secundário em uma cadeia e terciário em outra.

No final das contas, um ecossistema é uma grande disputa por recursos onde se depende totalmente uns dos outros. Dos produtores aos decompositores, cada ser tem seu lugar nessa ciranda ecológica. E quando entendemos essas relações, fica claro como nossas ações podem afetar todo esse equilíbrio delicado – seja derrubando uma floresta ou quando protegemos um simples riacho.
Afinal, na natureza não existe “jogar fora” – tudo vai parar em algum lugar, e cada fio puxado pode desfazer toda a teia.
Referências Bibliográficas
UZUNIAN, A.; BIRNER, E. Biologia: volume único. 3a ed. São Paulo: Harbra, 2008.
AMABIS, J. M. & MARTHO, G. R. Fundamentos da Biologia Moderna. Volume único. Editora Moderna, 4° edição. São Paulo, 2006.