As Eras e os Períodos Geológicos da Terra: Quais São, Duração e Características

Por: Isabela T. M. (Bióloga e Professora de Biologia) – Última atualização em 05/05/2025
Introdução: Os Capítulos Épicos do Nosso Planeta
Imagine abrir um livro antigo, grosso, cheio de páginas amareladas pelo tempo. Agora, pense que esse livro conta a história da Terra: não de séculos ou milênios, mas de bilhões de anos! Pois é isso que são as Eras Geológicas: os grandes capítulos da vida do planeta, marcados por transformações gigantescas, extinções dramáticas, explosões de vida e mudanças que moldaram tudo o que conhecemos hoje.
A Terra tem cerca de 4,6 bilhões de anos, e sua história é tão extensa que os cientistas precisaram organizar tudo em uma linha do tempo. Essa linha é chamada de Tempo Geológico, dividida em Éons, Eras, Períodos, Épocas e Idades. Mas, para facilitar a nossa viagem no tempo de hoje, nós vamos focar nas Eras Geológicas e nos Períodos mais importantes, pois eles são como os atos principais dessa peça grandiosa da evolução da vida.
Era Pré-Cambriana: O Prólogo Invisível
Quando? De 4,6 bilhões a 541 milhões de anos atrás
Também conhecida como: “A história sem fim – ocupando quase 90% da história da Terra!”
Se a história do nosso planeta fosse um filme, o Pré-Cambriano seria aquele início misterioso, cheio de fumaça, lava e silêncio que nos faria questionar “será que isso vai dar em alguma coisa boa?”. Essa Era começou há 4,6 bilhões de anos e se estendeu por cerca de 4 bilhões de anos. Sim, quase 90% de toda a história do planeta está aqui!
No início, nosso planeta era completamente hostil à vida como conhecemos. Aqui, tínhamos vulcões e lava para todo lado e a todo momento, meteoritos bombardeando a superfície e uma atmosfera super tóxica. Porém, foi nesse período que, após um grande resfriamento, a crosta terrestre se formou, os primeiros oceanos surgiram e, acredite, a vida apareceu (você pode entender melhor sobre esse processo no nosso artigo “A Teoria do Big-Bang e a Origem da Vida na Terra“). Mas calma, nada de dinossauros ou florestas ainda… Estamos falando de bactérias e algas microscópicas, as pioneiras do nosso planeta.
O Pré-Cambriano é como uma pintura borrada: sabemos que aconteceu, mas faltam alguns detalhes. As rochas desse tempo são raras, e os fósseis, quase inexistentes. Mesmo assim, foi nele que surgiram os primeiros seres vivos capazes de realizar fotossíntese, enchendo a atmosfera de oxigênio e preparando o palco para o próximo grande ato do espetáculo da vida: a Era Paleozoica.
Paleozoico: A Era das Viradas Épicas e Começos Improváveis
Quando? Cerca de 541 a 252 milhões de anos atrás
Essa era é uma das mais longas da história da Terra, começando há cerca de 541 milhões de anos e se estendendo até uns 252 milhões de anos atrás. São quase 300 milhões de anos de revoluções naturais, cheios de viradas inesperadas, explosões de vida e tragédias colossais. O Paleozoico é dividido em seis períodos principais, e cada um deles tem uma personalidade própria. Como capítulos de um épico da natureza, eles revelam como a vida saiu do oceano, pisou em terra firme e, em alguns momentos, quase desapareceu da história da Terra.
1° Período – Cambriano (541 – 485 milhões de anos atrás): A Explosão da Vida
O Cambriano tem como característica mais marcante o “boom” da diversificação da vida, algo que chamamos carinhosamente de Explosão Cambriana. Se antes tínhamos a vida resumida em seres simples, microscópicos e tímidos; agora temos diversas formas de seres vivos surgindo nos oceanos cambrianos:
Surgiram os primeiros animais com carapaças e esqueletos minerais, como os trilobitas.
Apareceram os ancestrais dos principais grupos de animais modernos, incluindo moluscos, artrópodes e até os primeiros cordados (grupo que inclui os vertebrados, como os peixes e, eventualmente, nós humanos).
Desenvolveram-se sistemas predador-presa, indicando que a competição por recursos havia se intensificado.
Formaram-se ecossistemas marinhos complexos, com criaturas como o Anomalocaris (um dos primeiros grandes predadores) e o curioso Opabinia, com cinco olhos e uma tromba.
Essa explosão de vida foi tão significativa que quase todos os “planos corporais” (os padrões básicos de anatomia) dos animais modernos surgiram nessa época. Além disso, o surgimento da predação entre os seres vivos impulsionou ainda mais adaptações no corpo desses animais (presas mais adaptadas à defesa e predadores mais adaptados ao ataque), como uma verdadeira corrida armamentista.



2° Período – Ordoviciano (485 – 444 milhões de anos atrás): A Primeira Grande Perda
A vida continuava a todo vapor nos oceanos, que agora eram repletos de corais primitivos, braquiópodes e crinóides (parentes distantes das estrelas-do-mar). Surgem também os primeiros peixes sem mandíbula, os ostracodermos, nossos tataravós aquáticos!
Mas, ao final do Ordoviciano, o clima deu uma enlouquecida brusca: uma glaciação poderosa congelou grande parte do planeta, o nível dos mares caiu e muitas espécies marinhas não resistiram. Aqui, a Terra experimentou a sua primeira grande extinção em massa, eliminando cerca de 85% da vida marinha.
3° Período – Siluriano (444 – 419 milhões de anos atrás): A Vida em Terra Firme
Com o fim da glaciação, o clima aqueceu e a vida voltou a prosperar. E foi nesse clima mais amigável que as primeiras plantas terrestres surgiram! Elas eram simples, pequenas, sem flores nem raízes profundas, mas abriram o caminho para uma revolução. Pouco tempo depois, os primeiros artrópodes terrestres (como escorpiões primitivos e centopeias) deram o passo ousado de sair da água. A vida estava começando a conquistar a terra firme que, até então, estava praticamente inexplorada.
4° Período – Devoniano (419 – 359 milhões de anos atrás): a Era dos Peixes e o Salto dos Vertebrados
O Devoniano é conhecido como a “Era dos Peixes” e com razão. Os mares estavam cheios de criaturas incríveis, como os peixes com mandíbula e os enormes placodermos, verdadeiras máquinas de morder. Mas o mais impressionante? Os primeiros anfíbios surgem.
Mas como surgiram? Bem, acontece que os oceanos estavam cheios de vida. Isso gera uma grande competição por recursos como alimentos, habitat, parceiros para fazer um amorzinho e, claro, pela própria sobrevivência, uma vez que haviam quantidades numerosas de predadores. Então, alguns peixes espertinhos começaram a observar que haviam coisas para fora d’água, coisas estas que poderiam servir de alimento. Sem falar que, fora d’água eles não teriam tantos predadores como tinham. Então foi assim: esses peixes curiosos começaram a se aventurar em terra firme, saindo da água por pequenos períodos. E a evolução foi tão generosa que os agraciou com nadadeira fortes (permitindo que conseguissem se rastejar em terra) e pulmões primitivos (o que facilitou a sua estadia fora d’água). Assim, tivemos nossos primeiros anfíbios no Planeta.
Enquanto isso aqui na terra firme, as plantas avançavam com tudo: agora já existiam florestas primitivas, com árvores sem flores, como as licófitas e samambaias gigantes. A Terra estava ficando verde e a disponibilidade de recursos aumentava para os nossos primeiros vertebrados terrestres, facilitando cada vez mais a sua permanência fora d’água.
Mas, como nem tudo é um mar de rosas, aqui tivemos mais uma grande extinção, levando cerca de 70% da vida marinha.


5° Período – Carbonífero (359 – 299 milhões de anos atrás): O Planeta está Verde!
No Carbonífero, a Terra parecia uma estufa. Florestas densas cobriam vastas áreas, o ar era extremamente rico em oxigênio, e os pântanos tropicais fervilhavam de vida. Muitos dos depósitos de carvão que usamos hoje vêm dessa época (daí o nome “Carbonífero”). A grande oferta de oxigênio permitiu que existissem insetos gigantes da Terra, como a Meganeura monyi, uma espécie de libélula primitiva que podia chegar até 75cm de largura. Nesse período também tivemos a evolução do voo, sendo os insetos os primeiros seres a voar.
Foi nesse cenário exuberante que surgiram os primeiros peixes terrestres amniotas, animais capazes de colocar ovos com cascas, rompendo de vez com a nossa dependência da água, a não ser para nos hidratarmos (já bebeu água hoje?).
Outro marco extremamente significativo deste período é que aqui surgem duas grandes linhagens: Os Sauropsídeos (que inclui todos os répteis) e os Sinapsídeos (que inclui todos os mamíferos e seus ancestrais).


6° Período – Permiano (299 – 252 milhões de anos atrás): O Apogeu e a Maior Extinção de Todas
O Permiano é o grande final do Paleozoico — e que final! Os continentes se uniram em um supercontinente chamado Pangeia, criando condições climáticas extremas. Foi nesse ambiente que os répteis e os terápsídeos (ancestrais dos mamíferos) se diversificaram ainda mais. Aqui, as plantas Coníferas dominavam as paisagens terrestres e a vida parecia estar à mil por hora na evolução.
Mas, logo veio a tragédia: a maior extinção em massa da história da Terra (pior até mesmo que a extinção dos dinossauros). Sim, foi no permiano que a vida no Planeta Terra chegou o mais próximo de simplesmente não dar certo, extinguindo-se cerca de 90% das espécies marinhas e 70% das espécies terrestres. As causas ainda são debatidas, mas incluem vulcanismo intenso, alterações climáticas drásticas e queda nos níveis de oxigênio. Um colapso global.
Mesozoico: O Reinado dos Dinossauros (E uma Pedra Muito Invejosa)
Quando? 252 a 66 milhões de anos atrás
Também conhecida como: “A Famosa Era dos Dinossauros” ou também como “A Disneylândia dos Paleontólogos!”
Se a história da Terra fosse um filme épico, o Mesozoico seria aquela parte cheia de ação, criaturas colossais, reviravoltas dramáticas e cenários espetaculares. Foi nessa Era que os dinossauros reinaram praticamente absolutos, que os mares fervilhavam com répteis monstruosos, e que o céu começou a ser cortado por criaturas aladas (além dos insetos, claro). Ah, e não podemos esquecer: foi também quando os primeiros mamíferos e aves surgiram discretamente, como coadjuvantes de um palco dominado pelos gigantes.
A Era Mesozoica começou há cerca de 252 milhões de anos e durou até aproximadamente 66 milhões de anos atrás. Em seus mais ou menos 186 milhões de anos, ela foi dividida em três períodos principais: Triássico, Jurássico e Cretáceo. Cada um deles tem suas próprias surpresas e tragédias.
1° Período – Triássico (252 – 201 milhões de anos atrás): o recomeço após o caos
O Mesozoico começou de forma sombria. O planeta ainda estava se recuperando da maior extinção em massa da história, ocorrida no final do Permiano. Quase tudo tinha morrido. A Terra era um enorme terreno baldio, seco, quente e inóspito; mas a vida, como sempre, achou um jeitinho de voltar à cena.
No Triássico, os continentes estavam todos unidos em uma massa só chamada Pangeia. O clima era quente e seco, e os oceanos rasos abrigavam organismos em recuperação. Foi nesse ambiente de reconstrução que surgiram os primeiros dinossauros, pequenos e bípedes, bem diferentes dos colossais que viriam depois. Além deles, os primeiros mamíferos também deram as caras: minúsculos, peludos e noturnos, tentando sobreviver nas sombras dos répteis.
Enquanto isso, répteis marinhos como os ictiossauros dominaram os oceanos, e no céu começaram a surgir os pterossauros, pioneiros do voo vertebrado.
No final do Triássico, houve uma extinção em massa (sim, mais uma), provavelmente causada por intensa atividade vulcânica, que eliminou muitos répteis concorrentes dos dinossauros. Essa tragédia abriu caminho para que eles dominassem de vez.
2° Período – Jurássico (201 – 145 milhões de anos atrás): O Apogeu dos Dinossauros
Jurássico… Só o nome já faz a gente pensar em dinossauros gigantes (ao som de uma trilha sonora chiclete que eu tenho certeza que está tocando agora na sua cabeça) . E não é à toa: foi nesse período que os dinossauros realmente tomaram conta do mundo.
A Pangeia começou a se romper, dando origem aos primeiros oceanos modernos. O clima ficou mais úmido e quente, favorecendo a formação de grandes florestas, cheias de samambaias gigantes e coníferas. Um verdadeiro paraíso verde para os herbívoros. E, se temos herbívoros crescendo, temos carnívoros felizes.
Dinossauros como o Diplodocus, com seu pescoço interminável, e o Allosaurus, com garras afiadas, reinavam na terra. Nos mares, os Plesiossauros e Ictiossauros nadavam com elegância, e nos céus, os Pterossauros evoluíam cada vez mais.
Foi também no Jurássico que as primeiras aves apareceram, descendentes de dinossauros terópodes. O famoso Archaeopteryx, com penas e asas, é um símbolo dessa transição. E, sim, AVES SÃO DINOSSAUROS (aliás, os únicos que nos restaram na Terra até hoje). Mas isso veremos melhor no nosso artigo: “Aves são Dinossauros?”.
3° Período – Cretáceo (145 – 66 milhões de anos atrás): O Fim dos Gigantes
O Cretáceo foi o período mais longo da Era Mesozoica e também o mais transformador. A essa altura, os continentes já estavam quase na posição que ocupam hoje. O clima era quente, com mares internos cortando os continentes e uma rica biodiversidade espalhada por todos os cantos.
Foi nesse período que surgiram as plantas com flores (angiospermas), revolucionando o mundo vegetal e embelezando ainda mais o nosso Planeta. Com elas, vieram frutos, sementes mais eficientes e novas relações com os insetos, que também se diversificaram muito.
Os dinossauros estavam no auge da sua existência: os Tyrannosaurus rex, os Triceratops, os Velociraptors e tantos outros icônicos viveram nesse tempo. Os Pterossauros alcançaram tamanhos gigantescos, e os mamíferos começaram a se diversificar silenciosamente nos cantinhos do ecossistema, ainda muito intimidados pela presença desses répteis gigantes.
Mas então… tudo mudou. Há 66 milhões de anos, um asteroide (também conhecido como “a pedra invejosa”) com mais de 10 km de diâmetro colidiu com a Terra, na região onde hoje é a Península de Yucatán, no México. A explosão liberou uma energia devastadora, levantou poeira que escureceu o céu por meses, derrubou temperaturas, destruiu cadeias alimentares e resultou na extinção de cerca de 75% das espécies do planeta, incluindo todos os dinossauros não-aviários (pois as AVES foram os únicos dinossauros a sobreviverem), pterossauros e muitos animais marinhos.
A extinção em massa do fim do Cretáceo foi uma das mais dramáticas da história. Marcou o fim da Era Mesozoica e abriu as portas para a ascensão dos mamíferos na Era Cenozoica.



Cenozoico: A Era dos Mamíferos
Quando? 66 milhões de anos atrás até hoje
Também conhecida como: “Os humilhados finalmente foram exaltados”
Depois da poeira baixar e o caos dar lugar ao silêncio, o Planeta recomeçou. O gigantesco asteroide que varreu a maior parte dos dinossauros da face do Terra, no fim do Cretáceo, abriu as cortinas para um novo espetáculo da vida: o Cenozoico, a Era em que os mamíferos finalmente tiveram um espaço significativo para crescerem e se diversificarem (já que antes a competição com os grandiosos répteis dinossauros tornava isso algo quase impossível).
O Cenozoico começou há cerca de 66 milhões de anos e se estende até os dias de hoje. E apesar de ser “apenas” um terço do tempo do Mesozoico, foi nele que aconteceram transformações cruciais: o surgimento dos grandes mamíferos, o aparecimento dos humanos, a formação das atuais paisagens e o estabelecimento dos ecossistemas modernos. Essa era é dividida em duas grandes épocas: Paleogeno e Neogeno; e uma fase mais recente e muito especial: o Quaternário.
Paleogeno (66 – 23 milhões de anos atrás): A Ascensão dos Mamíferos
O Paleogeno começou com o mundo ainda muito devagar após a última extinção. Mas a vida, como sempre, achou seu jeitinho de dar a volta por cima. Sem os répteis gigantes dominando tudo, os mamíferos (que antes eram pequenos, noturnos e discretos) finalmente puderam crescer e conquistar mais espaços. Quanto ao clima e geografia nesta época, o planeta era quente, úmido e cheio de florestas. Aos poucos, os continentes continuaram a se afastar até chegar próximo à configuração atual.
Como já mencionado, a diversidade dos mamíferos prosperava cada vez mais, ao ponto de já termos mamíferos com tamanhos e formas que, até então, nunca haviam alcançado (como é o caso das Preguiças Gigantes). As aves, os únicos dinossauros restantes, também se diversificavam em formas e tamanhos ao ponto de nos lembrar vagamente de como foi a grande Era dos Dinossauros, com espécies de “Aves do Terror” como a Kelenken guillermoi que podia chegar até 3 metros de altura!
Além disso, sem a presença dos grandes répteis marinhos, os mamíferos também puderam explorar os oceanos, permitindo-se, assim, a evolução de um grupo muito querido que temos hoje: os cetáceos!
Ah! E, claro, não podemos deixar de mencionar um grupo extremamente importante que também surgiu e começou a crescer nesse período: os primatas! Pois é, foi aqui que começamos a dar os primeiros passos rumo à evolução do Ser Humano.
Neogeno (23 – 2,6 milhões de anos atrás): A Preparação do Palco para a Humanidade
Durante o Neogeno, o Planeta passou por transformações que moldaram o mundo como o conhecemos hoje. O clima começou a esfriar gradualmente, e as florestas deram lugar a extensas savanas e pradarias. Isso forçou a vida a se reinventar mais uma vez.
A grande estrela aqui são os hominídeos. Os ancestrais do ser humano começaram a surgir na África, caminhando em pé, criando ferramentas rudimentares e dando os primeiros passos rumo à civilização. Paralelamente, nós já tínhamos a evolução de muitos mamíferos modernos (como ursos, cavalos, elefantes e rinocerontes, por exemplo). Os cetáceos se tornaram os reis dos mares, ocupando tamanhos gigantescos e diferentes níveis nas cadeias alimentares marinhas.
Ao fim do Neogeno, algumas espécies mais adaptadas a climas quentes começaram a desaparecer com a queda das temperaturas, mas não houve uma extinção em massa (como nós vimos anteriormente).
Quaternário (2,6 milhões de anos atrás – presente): o palco da humanidade
E chegamos finalmente ao Quaternário, a era em que os humanos entram de vez em cena e mudam tudo ao redor. Esse período se divide em duas fases: o Pleistoceno e o Holoceno.
Pleistoceno (2,6 milhões – 11,7 mil anos atrás)
Essa fase foi marcada por glaciações frequentes, aquelas famosas “Eras do gelo” em que grandes partes do planeta ficaram cobertas por gelo e neve. Aqui, os animais se adaptaram de forma impressionante: mamutes lanosos, tigres-dente-de-sabre, ursos das cavernas e alces gigantes habitavam a Terra. Mas o grande diferencial do Pleistoceno foi a evolução do Homo sapiens, que surgiu por volta de 300 mil anos atrás. Foi nesse tempo que os humanos começaram a usar fogo, desenvolver linguagem e espalhar-se por todos os continentes.
No final do Pleistoceno, houve uma extinção em massa de megafauna, como mamutes e preguiças gigantes, provavelmente causada por mudanças climáticas e a caça humana (sim, a gente mal surgiu e já estava cancelando o CPF de outras espécies).


Holoceno (11,7 mil anos atrás – presente)
O Holoceno é curtinho em comparação com tudo que já vimos, mas foi nele que aconteceu tudo que chamamos de “história humana”: agricultura, cidades, grandes civilizações, guerras, descobertas, industrialização e tecnologia. É também o período em que o Ser Humano começou a impactar o planeta de forma intensa: desmatando, poluindo, alterando o clima e diversos ecossistemas. Por isso, alguns cientistas consideram que já entramos em uma nova fase não oficial: o Antropoceno – a era em que a principal força geológica é a gente mesmo. E é por isso que muitos especialistas alertam que estamos vivendo uma nova extinção em massa, agravada pela ação humana como os desmatamentos, incêndios, poluições, aquecimento global, alterações nos ecossistemas e perdas de habitat. Se a gente não repensar a nossa forma de viver e mudá-la com hábitos mais sustentáveis, voltados para a conservação; pode ser que, em breve, a próxima espécie a ir de abraço será a nossa.
Referências Bibliográficas
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CORDANI, Umberto G. Evolução geológica pré-cambriana da faixa costeira do Brasil entre Salvador e Vitória. 1973. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1973.