Biológicas Educa

Filo Annelida: Anelídeos - Características, Anatomia, Fisiologia e Reprodução

Por: Isabela T. M. (Bióloga e Professora de Biologia)

Última atualização em 09/05/2025

Introdução

Pense em um animal que parece uma pulseira viva, dividida em argolinhas perfeitas: Esses são os anelídeos. De minhocas a sanguessugas, esses seres são mestres da engenharia biológica, com corpos segmentados que escondem sistemas incríveis. Hoje, nós vamos dar uma boa espiada na vida desse bichinhos molengas cheios de anéis. 

 

E Quem São os Anelídeos?

Anelídeos são animais invertebrados, segmentados e geralmente com corpo cilíndrico. O nome vem do latim annellus, que significa “pequeno anel”, o que faz total sentido, pois seu corpo é dividido em anéis (ou metâmeros). Esse filo inclui:

  • Minhocas (classe Oligochaeta) – as nossas queridas jardineiras do subsolo;

  • Sanguessugas (classe Hirudinea) – a galerinha polêmica, mas usadas até na medicina;

  • Poliquetas (classe Polychaeta) – as diferentonas, coloridas, marinhas e cheias de cerdas.

 

A Anatomia dos Anelídeos: Um Corpo Cheio de Argolinhas

Como já mencionado, o corpo desse bichinhos é dividido em anéis (metâmeros). Mas, além disso, nós temos uma simetria bilateral e corpo triploblástico. Há também uma cutícula fina e úmida que reveste o corpo do animal (externamente), o que auxilia na proteção (contra atritos e desidratação) do animal e na respiração dele (sim, essa galera respira pela pele). Temos estruturas chamadas quetas que seriam pequenas cerdas quitinosas (tipo pelinhos) nos segmentos do animal, que o auxiliam a se locomover e a se fixar. E, no caso das minhocas e sanguessugas, a gente também tem um clitelo que é uma espécie de “cinto” gorduroso e espesso (super importante para a reprodução). 

Ah! Eu quase me esqueci: mas temos cabeça nesses bichos (por mais que às vezes seja difícil de identificar). Essa cabeça é formada pelo Prostômio (primeiro segmento do corpo – “a pontinha”) e Peristômio (que seria o primeiro segmento, de fato). Essas duas estruturas podem ter órgãos sensoriais, como olhos e antenas, e também a boca do animal. Em anelídeos predadores a gente ainda pode ter tentáculos e palpos. 

 

Figura 1. Minhoca
Figura 2. Hesiocaeca methanicola (um Poliqueta)
Figura 3. Representação Ilustrativa de umas Sanguessuga

A Fisiologia dos Anelídeos 

Sistema Digestório

Simples, eficiente e completo (ou seja, tem boca e ânus). Aqui, o tudo digestivo se estende por todo o corpo do animal e possui algumas regiões especializadas como a faringe, o esôfago, o papo (que armazena o alimento por um tempinho), a moela (tritura o alimento) e o intestino, até finalizar no ânus. 

 
Sistema Respiratório

A respiração nos anelídeos é, na maioria das vezes, cutânea. Isso mesmo: eles respiram pela pele, que precisa estar sempre úmida para permitir as trocas gasosas (por isso têm a cutícula por fora). Já os poliquetas, por viverem em ambientes marinhos mais oxigenados, podem ter brânquias especializadas. 

 
Sistema Circulatório

Os anelídeos têm um sistema circulatório fechado, ou seja, o sangue circula apenas dentro de vasos, como numa autoestrada subterrânea. Existem dois vasos principais:

  • Um dorsal, que leva o sangue para frente;

  • Um ventral, que o distribui para o resto do corpo.

As minhocas, por exemplo, possuem “corações” laterais. Na verdade, são vasos contráteis que ajudam a bombear o sangue. É um sistema eficiente que garante que nutrientes e gases cheguem a todos os anéis do corpo.

 
Sistema Nervoso

O cérebro dos anelídeos é formado por um par de gânglios cerebrais (tipo mini centros de controle), ligados a dois cordões nervosos ventrais que percorrem o corpo inteiro. Em cada segmento, há gânglios menores, que controlam os movimentos locais. Isso permite que a minhoca, por exemplo, consiga se mover com precisão, mesmo com um cérebro bem simples. Um cérebro modesto, mas que sabe o que faz.

 

A Reprodução dos Anelídeos 

A maioria dos anelídeos se reproduz de forma sexuada. Minhocas e sanguessugas são hermafroditas: cada indivíduo tem tanto testículos quanto ovários, mas o cruzamento acontece entre dois parceiros. Durante o acasalamento, ocorre troca de esperma e, depois, a fêmea (ou ambos, no caso de minhocas) libera os ovos em cápsulas chamadas cocons, geralmente no solo úmido.

Os poliquetas, por outro lado, costumam ter sexos separados e reprodução por fecundação externa. Eles liberam óvulos e espermatozoides na água e deixam a correnteza decidir o resto.

Ah! Algumas espécies são capazes de se regenerar: se cortar uma minhoca (por exemplo) dependendo do ponto onde foi o corte, ela pode até virar duas (mas não faça isso, é sacanagem com o bichinho). 

O filo Annelida abriga criaturas que podem parecer simples à primeira vista, mas que escondem um funcionamento interno incrivelmente bem ajustado. Com seus corpos anelados, sistemas fechados e estratégias reprodutivas engenhosas, os anelídeos são uma aula viva de como a natureza sabe ser prática, simples e ainda bem eficiente.

 

Referências Bibliográficas

UZUNIAN, A.; BIRNER, E. Biologia: volume único. 3a ed. São Paulo: Harbra, 2008.