Filo Arthropoda: Insetos - Anatomia, Fisiologia e Reprodução

Por: Isabela T. M. (Bióloga e Professora de Biologia)
Última atualização em 23/05/2025
Introdução
Eles estão por toda parte. No ar, na terra, na água, sob as pedras, sobre as folhas, dentro das flores e até dentro de casa. Vivem em silêncio (bem, alguns não tão silenciosos assim), mas transformam o mundo ao seu redor. Os insetos são os seres vivos mais numerosos e variados do planeta, verdadeiros mestres da adaptação. Apesar do tamanho modesto, sua importância é gigantesca e, acredite, nossa vida depende diretamente deles. Vamos conhecer de perto esses minúsculos gigantes que moldam o equilíbrio da Terra, muitas vezes sem que a gente perceba.
O Corpo dos Insetos e Sua Anatomia
A anatomia dos insetos é uma aula de criatividade biológica. Eles têm o corpo dividido em três partes bem definidas (ou seja, três tagmas): cabeça, tórax e abdome. Como se fossem peças encaixadas de um quebra-cabeça milimetricamente planejado.
Na cabeça, estão os olhos (frequentemente compostos, que enxergam o mundo em milhares de pedacinhos coloridos), as antenas (órgãos sensoriais multifuncionais) e a boca – que vai variar conforme a dieta: mastigadora, sugadora, perfuradora ou lambedora, por exemplo.
O tórax é o centro de locomoção. Nele se fixam três pares de pernas e, em muitos casos, dois pares de asas. Isso mesmo, os insetos são os únicos invertebrados capazes de voar! Borboletas, abelhas, mosquitos, libélulas… Todos deslizam pelo ar graças a essa proeza evolutiva.
Já o abdome abriga a parte “interna do motor”: sistema digestivo, excretor, reprodutor e, em alguns, órgãos de defesa, como ferrões.
Por dentro, o sistema respiratório é formado por um emaranhado de tubos chamados traqueias, que conduzem o oxigênio diretamente às células. Nada de pulmões! Já a circulação é aberta, ou seja, o “sangue” (hemolinfa) banha os órgãos livremente.

A Fisiologia dos Insetos
O Sistema Respiratório
Ao contrário da gente, que puxa o ar pelos pulmões, os insetos têm um jeitinho todo especial de respirar. Eles usam um sistema de canais internos chamados traqueias, que mais parecem uma malha de tubos microscópicos espalhados por todo o corpo.
O ar entra por aberturas laterais chamadas espiráculos, que funcionam como pequenas janelinhas posicionadas nos lados do tórax e do abdome. Daí, ele corre livremente por dentro das traqueias, alcançando cada cantinho do corpo, direto nas células (sem precisar passar por sangue ou pulmões). É como se o oxigênio pegasse uma estrada expressa, sem trânsito, direto pro destino. Por isso, insetos respiram de forma super eficiente. Maaaas essa engenhoca também tem limite: é uma das razões pelas quais eles não crescem além de certo tamanho. O ar precisa circular rápido, e quanto maior o corpo, mais difícil seria essa entrega porta a porta (e, ainda bem que isso tem limites, imagina sair de casa e dar de cara com um inseto de 1 metro pelas ruas, tal como foi no período do Carbonífero – Saiba mais no nosso artigo “As Eras Geológicas da Terra: Quais são, Duração e Características “).
Sistema Digestório e Excretor
Se tem uma coisa que os insetos sabem fazer bem, é digerir o que comem e isso não depende só do cardápio (que pode incluir folhas, sangue, madeira, néctar, e até outros insetos), mas também da estrutura por trás do banquete.
Tudo começa na boca, onde o alimento pode ser triturado, lambido ou sugado, dependendo do inseto. Daí, ele segue viagem pelo esôfago até o papo (uma espécie de bolsa de armazenamento). Ali, o alimento fica “de molho” por um tempo.
Depois vem o proventrículo (uma espécie de triturador muscular), seguido pelo intestino médio, onde a mágica acontece: enzimas digestivas entram em cena, quebram os nutrientes, e os enterócitos (células da parede intestinal) absorvem tudo de bom. O que sobra segue para o intestino posterior, onde a água é reaproveitada, e o restante é moldado e empurrado rumo à saída, o ânus.
Sistema Circulatório
O sistema circulatório dos insetos é do tipo aberto. Nada de veias e artérias organizadinhas como nas nossas aulas de biologia. Aqui, a hemolinfa (um líquido esbranquiçado ou amarelado que faz o papel do sangue) circula em grandes espaços internos, banhando os órgãos diretamente. No meio dessa “piscina interna”, um coração tubular empurra a hemolinfa do abdome para a cabeça. Mas atenção: essa circulação não carrega oxigênio! Lembra das traqueias? Elas já resolvem a parte respiratória. A hemolinfa serve para transportar nutrientes, hormônios, resíduos e manter a pressão interna do corpo. É simples, mas funciona que é uma beleza.
Sistema Nervoso
Se o corpo dos insetos é uma máquina, o sistema nervoso é o seu painel de controle. E apesar de o cérebro ser pequeno, ele é esperto e bem conectado. Logo abaixo da cabeça, o cérebro se conecta a um cordão nervoso ventral que corre por todo o corpo, com gânglios segmentares – pequenos centros de controle localizados em cada parte do corpo, como se fossem estações de comando regionais. Graças a isso, um inseto pode até continuar se mexendo por um tempo depois de perder a cabeça (literalmente!). É bizarro, mas mostra como cada parte do corpo tem um pouco de autonomia.
Esse sistema comanda tudo: voo, fuga, cortejo, construção de ninhos e até estratégias de caça ou defesa. E o mais incrível é que, mesmo com tão poucos neurônios (comparados aos nossos), alguns insetos demonstram comportamentos complexos como as danças das abelhas, as táticas de caça das libélulas e as decisões coletivas das formigas (e suas organizações hierárquicas também).
Reprodução e Ciclo de Vida: A Mágica da Metamorfose
Quando se trata de reprodução, os insetos dão um verdadeiro show de estratégias. A maioria se reproduz por fertilização interna. A fêmea, muitas vezes, deposita seus ovos em lugares estratégicos: na água, no solo, sobre folhas ou até dentro de outros animais.
Mas o que realmente impressiona é o ciclo de vida. Muitos insetos passam por metamorfose completa, um processo mágico em que o corpo se transforma radicalmente. Vamos ver esse processo resumindo em tópicos importantes:
Ovo: aqui é onde se começa todo o ciclo;
Larva: um estágio voraz e insaciável. Aqui, o inseto só pensa em comer e comer o máximo que ele puder;
Pupa: momento de reclusão. Dentro de casulos, como num casulo de ideias, o corpo se reconstrói;
Adulto (imago): o inseto renasce com asas, novas funções e, muitas vezes, uma nova missão: reproduzir-se.
Outros seguem uma metamorfose incompleta, em que o jovem (ninfa) já se parece com o adulto, só que em versão reduzida.
A Importância dos Insetos
Se os insetos sumissem da Terra, pode ter certeza de que o colapso seria certo. Eles são polinizadores, recicladores, controladores biológicos e até alimento para inúmeras espécies.
As abelhas, por exemplo, são responsáveis por polinizar mais de 70% das plantas cultivadas que comemos (veja mais sobre em “Angiospermas – Características, Reprodução e Ciclo de Vida“). Sem elas, nossos pratos seriam bem mais vazios e sem cor. Já os besouros e moscas ajudam a decompor matéria orgânica, limpando o ambiente e devolvendo nutrientes ao solo. As joaninhas, por outro lado, controlam pragas como pulgões, sendo aliadas silenciosas da agricultura. E não podemos esquecer dos insetos aquáticos, que mantêm a saúde de rios e lagos, e das formigas, que arejam o solo, espalham sementes e são verdadeiras jardineiras da floresta.
Porém, contudo e entretanto; tudo tem um lado positivo e outro negativo. Não podemos negar que, infelizmente, alguns são transmissores de doenças graves, como por exemplo:
O mosquito Aedes aegypti, responsável por doenças como dengue, zika e chikungunya.
A mosca tsé-tsé, que transmite a doença do sono na África (que, se não tratada, te coloca para dormir eternamente mesmo).
O barbeiro, vetor do protozoário da Doença de Chagas.
Além disso, há insetos que atacam plantações, causam prejuízos à economia e geram desequilíbrios ambientais quando introduzidos em locais onde não existem predadores naturais, o que chamamos de insetos invasores.
Os insetos são uma galáxia inteira dentro do planeta Terra. Com mais de 1 milhão de espécies descritas (e muitas outras por descobrir), eles representam cerca de 80% de todos os animais do mundo. São antigos, resilientes, engenhosos e vitais. Apesar do tamanho minúsculo, sua importância para nós e para o Planeta é astronômica. Sem eles, o mundo perderia o brilho, o cheiro das flores, o sabor das frutas e o equilíbrio que sustenta a vida como conhecemos.
Referências Bibliográficas
UZUNIAN, A.; BIRNER, E. Biologia: volume único. 3a ed. São Paulo: Harbra, 2008.
AMABIS, J. M. & MARTHO, G. R. Fundamentos da Biologia Moderna. Volume único. Editora Moderna, 4° edição. São Paulo, 2006.