Filo Platyhelmintes: Platelmintos - Características, Estruturas e Reprodução.

Por: Isabela T. M. (Bióloga e Professora de Biologia) – Última atualização em 24/04/2025
Introdução
Em um mundo onde a natureza é mestra em criar formas e estratégias de sobrevivência, os platelmintos surgem como criaturas intrigantes: Simples por fora, mas cheias de truques por dentro. Esses animais, conhecidos como vermes achatados, pertencem ao filo Platyhelminthes e vivem em ambientes tão variados quanto poças de água doce, o fundo do mar e até mesmo dentro do corpo de outros seres vivos.
Quem são os Platelmintos?
Imagine uma fita de cetim viva, escorregadia e moldada para deslizar pelos cantos mais estreitos da existência; é mais ou menos assim que os Platelmintos são. Eles são animais invertebrados, ou seja, não têm coluna vertebral, e seu corpo é mole e achatado. Esses seres podem ser livres, como as planárias, ou parasitas, como a famosa tênia, aquela que adora morar no intestino de uns coitados.


Anatomia e Fisiologia dos Platelmintos
Os Platelmintos são animais bem simples quando falamos de estrutura corporal. Como vimos, são animais sem esqueleto, de corpo achatado e mole. Para além disso, eles não têm um sistema respiratório: eles respiram por difusão, ou seja, o oxigênio passa direto pela pele que é bem fina e úmida. Também não têm um sistema circulatório, então os nutrientes dos alimentos se espalham pelas células dos tecidos por meio da difusão. Aqui, nós temos alguns detalhes importantes a serem observados em relação ao processo digestivo dos platelmintos: Assim como vimos nos Cnidários (veja em nosso artigo “Filo Cnidaria: Cnidários” ), esses animais normalmente não possuem um sistema digestivo completo. Isso significa dizer que eles não têm um ânus propriamente, mas sim uma única abertura que funciona tanto como boca quanto ânus. Geralmente há também uma faringe e um intestino que se ramifica ao longo do corpo do animal.
Eles também têm um sistema nervoso rudimentar, constituído basicamente por dois gânglios cerebrais e cordões nervosos que percorrem o seu corpo. Algumas espécies até têm estruturas como olhos primitivos (manchas ocelares) que são capazes de detectar luz e isso permite que o animal possa ter uma noção, ainda que não seja como a que temos, do que é claro e escuro (e até pode auxiliar a se proteger de predadores).

A Reprodução dos Platelmintos
Muitos platelmintos são hermafroditas, ou seja, têm os dois sexos ao mesmo tempo e podem se reproduzir tanto de forma sexuada quanto assexuada. Em algumas espécies, como a famosa planária, a reprodução assexuada pode acontecer por meio de um simples corte ou fissão transversal (quando elas se dividem ao meio) para gerar um novo indivíduo. Isso mesmo: se você cortar uma planária ao meio, cada pedaço pode regenerar o corpo inteiro. Parece coisa de ficção científica, mas na verdade é pura biologia e isso acontece porque as planárias são extremamente bem capacitadas na arte da regeneração. Elas têm células-tronco que são nomeadas de neoblastos, e esses neoblastos são capazes de se dividir e dar origem a diferentes tipos de células, permitindo a reconstrução de órgãos e tecidos, gerando um novo indivíduo. Já a reprodução sexuada pode ocorrer por meio da fecundação cruzada entre indivíduos hermafroditas, ou até mesmo a autofecundação.
Os Ciclos de Vida dos Platelmintos
Muitas espécies de platelmintos são parasitas, como as tênias e os esquistossomos. Isso quer dizer que essas espécies têm o ciclo de vida majoritariamente dentro de hospedeiros, muitas vezes passando por várias fases larvais em diferentes animais (os hospedeiros intermediários) até chegar à fase adulta (geralmente no hospedeiro definitivo). Esse vai e vem entre corpos é uma dança estratégica para garantir sua sobrevivência. O exemplo clássico é o da Taenia solium, a famosa “solitária”, que pode viver anos no intestino humano, crescendo metros sem dar muitos sinais (apesar de muitas pessoas relatarem ter tido dores abdominais, diarreias, perda de peso incomum e também a presença de partes do verme nas fezes).
Os Platelmintos e a Medicina Moderna
Os platelmintos já são estudados há décadas devido a sua capacidade de parasitismo inclusive envolvendo o ser humano. Mas atualmente, as planárias têm sido muito estudadas devido à suas células e alta capacidade de regeneração. Os cientistas esperam encontrar nesse animal a resposta para o desenvolvimento de técnicas e tecnologias que permitam a reconstituição de tecidos humanos, algo que, se bem sucedido, pode salvar a vida de muitas pessoas.
Referência Bibliográfica
UZUNIAN, A.; BIRNER, E. Biologia: volume único. 3a ed. São Paulo: Harbra, 2008.
AMABIS, J. M. & MARTHO, G. R. Fundamentos da Biologia Moderna. Volume único. Editora Moderna, 4° edição. São Paulo, 2006.